O tão sonhado campo é, enfim, um lugar comum...

Meus querido amigos,

Tenho prosseguido em aprender como se vive numa outra cultura e tudo que isso implica no nosso emocional, espiritual e físico. As emoções oscilam, o espiritual clama por Deus constantemente e o corpo corresponde a todas essas mudanças com exaustão e às vezes enfermando. Mas como uma só porção, tudo em mim tem desejado mais de Deus e de Sua vontade cumprida.
Tenho aprendido entre outras coisas, que o amor a Deus supera todas as nossas fraquezas e incertezas, e que a vulnerabilidade é uma condição sempre presente em quem avança com fé na trajetória proposta pelo Espírito Santo. Que não há nada de extraordinário nesse grupo de cristãos que deixa a sua terra, igreja, família e bens, para ir aonde o Senhor ordena. São pessoas comuns, cheias de perguntas, dúvidas sobre o futuro, saudades do que deixou, lacunas a preencher e uma rotina comum a cumprir.
O tão sonhado campo, enfim, é um lugar comum em alguma parte do mundo. Se por um lado tenho visto que o deslumbre sonhador com o campo missionário, como se isso fosse te elevar a uma posição humana especial, quase sempre leva a frustração e desânimo. “Ah, então é só isso?”. Por outro lado, o que a nós parece um ato de extrema coragem e destemor, para o missionário é apenas um encontro com a sua própria satisfação e tremenda alegria em cumprir a vontade de Deus.
“Eu amo viver no Egito...”; “Mesmo tendo passado por terremotos, eu me sinto em casa na China, não quero deixá-la...”; “Acho que quando chegar ao Oriente Médio finalmente me sentirei realizada, vou encontrar o povo curdo, o meu povo...”. São frases assim que tenho escutado nos meus encontros com missionários transculturais, e em meio aos relatos da difícil tarefa de viver em contextos tão desafiantes, muitas vezes solteiros ou com crianças ainda pequenas, um grande sorriso e um contagiante entusiasmo se pode ver nestas pessoas por estarem exatamente aonde Deus as colocou. Eu compartilho totalmente desta alegria. A alegria deles é também a minha. Os desafios sempre se apresentam, mostrando o quão pequena(o) você é, mas a alegria do Espírito é de fato a nossa força.
O campo é desafiante, sem dúvida, exaustivo, requer muitos acertos com Deus e consigo mesmo, abnegação constante, mas é um lugar de extrema satisfação pessoal, afinal é o centro da vontade de Deus para nossa vida. Quem perdeu esse entusiasmo, que se sobrepõe as dificuldades contextuais do chamado, quem parou de sonhar com seu ministério, precisa avaliar-se, algo pode está fora de foco. Infelizmente, também tenho encontrado estes poucos que via de regra estão em crise. A alegria de quem serve não está nem no lugar nem na tarefa a realizar, pois uns evangelizam, outros ensinam, outros cuidam e encorajam. O gozo está em andar com Deus e compartilhar dessa imensurável tarefa de conduzir aquele pedacinho de mundo que lhe cabe, ao conhecimento da glória de Deus.
Por muitos anos o missionário transcultural foi mostrado portando dois estigmas: (1) Super-humano ou (2) Coitadinho-sofredor. Nem um nem outro. Eu diria, fracos, falíveis e certamente vulneráveis, mas exultantes por ver as grandezas de Deus se realizando em sua vida e através dela no mundo.
Pessoalmente, o meu desafio é aprender mais e mais sobre a vivência em campo incluindo todas as suas facetas. Também conversar e acompanhar emocionalmente o máximo de missionários transculturais possível. Para isso é necessário realizar viagens em direção a outros campos em busca desses agrupamentos. O meu campo é, pois, o missionário e sua vida onde eles estiverem.
Antes do meu retorno ao Brasil em outubro deste ano, tenho o objetivo de fazer mais duas viagens de apoio ao missionário. Uma em Abril (dentro da África) e outra em julho (indo para Ásia). Tenho muita necessidade das suas orações para que as viagens se cumpram bem.


Com muita Gratidão, Alegria e Fé.
Mis. Verônica Farias

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