"Apenas uma hora"

Outubro de 2009

Aos poucos o projeto de cuidar da vida emocional dos missionários em campo transcultural começa a tomar forma. Ainda no Brasil, parecia um sonho muito distante e sem possibilidade de ser implementado. Contudo, Deus tem fornecido as primeiras peças e os cenários necessários para o trabalho. De uma coisa eu já estou bem certa, o campo é bem extenso e há muito serviço aguardando para ser feito nesta área.

Ao fim das duas semanas, tendo conversado com pelo menos 25 missionários, oferecido em torno de 30 horas só de atendimento clínico, além das entrevistas, organizado vários dados para pesquisa e feito diversas viagens, muito cansaço físico, emocional e espiritual me acometeu. Contudo, retornei para África do Sul com duplo sentimento: o de missão cumprida dentro do que havia estabelecido como meta e estava ao meu alcance realizar em tão pouco tempo; e um grande pesar por saber que a situação que encontrei naquele pequeno trecho de Moçambique, se repete em diversos campos por este mundo afora.

Meditando sobre o assunto:
Apenas uma hora! Era só isso que o Senhor Jesus reclamava de seus discípulos enquanto sofria angústias profundas no Getsêmane, que antecedeu sua crucificação. “E, voltando para os discípulos, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Então, nem uma hora pudestes vós vigiar comigo?” (Mt 26:40). É bem estranho imaginar que o Criador e Rei do universo um dia necessitou da companhia de pessoas para suportar suas angústias. Respeitando as devidas proporções da missão e da natureza de Cristo, humanamente falando, esta me parece uma boa figura quando pensamos em tantos cristãos servindo em campos missionários, em situação de risco, esgotamento e extrema angústia, almejando compartilhar do seu sofrimento ao menos uma hora. Este é um ministério que tenho apreciado muito fazê-lo. É um trabalho difícil e totalmente diferente do que eu costumava desenvolver como liderança de igreja local. Por isso preciso aprender fazendo, não há outro caminho. E tenho mesmo muito que aprender vendo e ouvindo estes preciosos irmãos que se tornaram o meu campo missionário.

Agradeço a todos pelas orações, mensagens enviadas e até pelos telefonemas. Muito obrigada mesmo, tem sido muito importante para me reabastecer e me possibilitar passar por este estágio e ainda fornecer alguma ajuda àqueles que sofrem. Continuem orando pelo andamento do projeto, pelo estabelecimento das parcerias certas, planejamentos para o próximo ano, treinamentos, sabedoria para os atendimentos que realizo e segurança nas viagens. Orem pela minha saúde e vida com Deus. E finalmente, orem para que os recursos necessários cheguem até mim para serem devidamente aplicados na expansão do projeto.

No amor de Cristo Jesus,
Missionária-Psicóloga
Verônica Farias

PROJETO
Cuidado Emocional do Missionário
Skype: veronicasfarias
E-mail: verasfarias@gmail.com

Obs: Nenhum nome ou imagem dos missionários atendidos em campo serão publicados, por razão de sigilo e preservação da identidade dos mesmos.

De Cape Town para Beira

Olá queridos amigos,

Estou aqui na Beira, distrito de Sofala, localizado na região central de Moçambique. Consegui hospedagem na casa de algumas missionárias e assim ficou mais barato e aconhegante pra mim. Deus tem cuidado de tudo mesmo. O clima é bem quente, a cidade empoeirada e as construções bem envelhecidas, sem reparos na pintura. E assim tudo parece cinza desbotado. Transporte público aqui é um caos: precário, escasso e portanto lotados. você literalmente tem que lutar por um lugar no "chapa", nome dado aos carros velhos que transitam loucamente. Bom, pelo visto terei que abrir mão de parte das visitas, pois estudando melhor a rota vimos que seria muito dispendioso e bastante exaustivo porque teria que pegar vários transportes como esse ao longo do trajeto e muitos dias se passariam só na estrada. Vou usar Beira como base e daqui sigo para os distritos próximos (Chimoio, Dondo, Inhamatanda e Nampula) com até um dia de viagem. Assim poderei ficar mais tempo com os missionários que eu visitar nestes lugares. E tem bastante, de várias organizações (igrejas e agências), veteranos e novos no campo, casados e solteiros... Muito obrigada mesmo a todos vocês pelas intercessões, palavras de incentivo, além da ajuda extra que tenho recebido para poder cumprir com tais despesas. Se bem me conhecem sabem o quanto tou vibrando com tudo isso. Deus seja louvado por tudo que tem feito e ainda fará em nossas vidas! Um abraço bem apertado, Veronica

"Porque você veio quando Eu te chamei..."

Caros irmãos,
Com muito carinho paro mais uma vez alguns instantes para dedicar-lhes um pouco do meu tempo aqui em África do Sul, sabendo que ainda que distantes, servimos ao mesmo Senhor e ouvimos do mesmo Espírito. Sou aquela missionária cujo chamado soa um pouco estranho, não parece um ministério muito convencional, todos dizem “ah, é tão importante o seu projeto!”, mas não sabem bem onde e como encaixá-lo na estrutura eclesiástica, ou coisa assim... Não importa, esse é o único e claro chamado que Deus me fez, e aqui estou eu no caminho.
Nesta semana meu coração apertou um pouco por várias razões, naturais do campo, eu penso, e me reservei bem murchinha para ouvir ao Senhor. Foi o momento mais especial que já vivi aqui nesse lugar. Eu não estava diante das belas montanhas de Cape Town, nem da linda vegetação que a cidade conserva, ou do colorido do povo sul africano, apenas no meu pequeno espaço alugado, sozinha, cabisbaixa, o Senhor me falou: “Porque você veio até aqui quando Eu te chamei....” e continuou a falar-me ao coração reacendendo o ânimo e a coragem de seguir em frente. Mas esta frase não me saiu mais da cabeça, e me fez lembrar de imediato de minhas orações no Brasil, e, enquanto eu me debatia na incerteza do que seria de mim em uma terra estranha, eu havia dito: “Pai, eu vou porque sei que te encontrarei lá, essa é a minha única certeza e garantia. Eu não estou indo porque há manutenção, ou porque há necessidade, ou porque tenho uma lista de razões convencíveis, mas porque o Senhor estará lá junto comigo.” Lembro-me que nesse instante não importava mais o lugar para onde eu estava indo, mas o propósito. Então, “Porque você veio até aqui quando Eu te chamei...” virou uma canção para os meus ouvidos, todo o resto desapareceu, estava ali no solo africano apenas eu e ELE nesse maravilhoso e singular encontro de final de tarde.
Meus queridos, quero compartilhar com vocês na Devocional deste mês (este é o nome que tenho dado ao chamado relatório de campo), da maravilha que é ouvir ao chamado de Deus e obedecer prontamente, da magnitude que é encontrar o Senhor no lugar e no tempo que Ele marcou para ser encontrado, um encontro a dois, na intimidade permitida pelo sangue precioso de Jesus e pela habitação do Espírito Santo em nós.
Na intenção de formar uma rota de viagem, aproveitando o meu intervalo de curso aqui em CPT, fiz diversos contatos durante estes dois últimos meses com missionários brasileiros ou estrangeiros falantes da língua portuguesa, que trabalham aqui em África do Sul ou nos países vizinhos. A cartinha era dirigida aos líderes de bases missionárias e de campo, de diversas agências como APMT, AMEM, JOCUM, Parceiros em Missões, JMM, AIM. Graças a Deus recebi diversos retornos, tanto de missionários, quanto de líderes de Agência que agradeceram o meu interesse e disposição de visitar os seus missionários em campo, além de desenvolver uma pesquisa cuja temática irá, se Deus quiser, trazer um pouquinho mais de luz às organizações enviadoras a respeito das problemáticas emocionais do missionário em campo e de como podemos melhor cuidar dessa não menos importante parcela de Missões Mundiais.
Contudo, um dos retornos me chamou a atenção e tocou fortemente meu coração, pois alcançou a profundidade do meu chamado, reafirmando a minha fé de que estou de fato no caminho certo. Sem expor a identidade desse amado que me respondeu, ele dizia literalmente: “Você é muito bem vinda a ... (local) e creio que a sua vinda seja também uma providência de Deus. Até agora estou muito traumatizado ... (fato) e creio que a sua ajuda e a sua vinda no nosso meio estaria acontecendo no momento certo. Antes mesmo de ler o seu e-mail, eu já estava orando a Deus para que Ele me colocasse em contato com alguém assim da sua área. Portanto, é de Deus a sua vinda! Por favor não demore a vir...”.
Será que esse pedido soa familiar a você? No meu coração imediatamente a Palavra se confirmou e lembrei-me da situação do apóstolo Paulo em Trôade, enquanto em sua mente traçava possíveis rotas de viagem missionária, e sendo impedido pelo Espírito de um lado e confirmado do outro, recebeu a direção certa: “Passa a Macedônia e ajuda-nos.” (At 16:9 - leia o verso todo). Não preciso dizer que esta cidade se tornou a minha Macedônia e passou a encabeçar a minha rota de viagem neste tempo que estarei dedicando às visitas dos missionários em campo estrangeiro. Este pedido “ajuda-nos”, em outras palavras: “não demore a vir”, redirecionou minha rota, pois estava indo para o Sul e acabei girando para o Norte.
A pergunta que se segue não pode ser outra, senão: Para onde ou para o quê Deus tem te chamado? Que facetas da sabedoria e criatividade o Espírito Santo de Deus tem utilizado para chamar a tua atenção a respeito da rota certa a seguir em tua vida, a fim de servi-Lo e glorificá-Lo? Quantos encontros a sós Ele já marcou com você e pôde ter não a tua ausência, mas a tua humilde e devota presença? O chamado de Deus encaixa perfeitamente não na nossa capacidade, mas na nossa integral devoção de corpo e alma, sabendo que ambos serão provados no caminho e aperfeiçoados por Aquele que nos Chama e nos Ama, porque é fiel a Si mesmo.
Humm, maravilhosa e doce voz acariciando o meu espírito inquieto e quebrantado a espera Dele: “Porque você veio até aqui quando EU te chamei...”. O complemento fica por conta do seu encontro pessoal com o Deus da Missão e do Chamado. A Ele a glória sempre! Orem por esta viagem que estarei realizando daqui a poucos dias passando por várias cidades do país vizinho, onde os missionários já me aguardam. Até a próxima Devocional.

Aquele caloroso abraço,
Mis. Verônica Farias
Projeto de Cuidado ao Missionário
África do Sul

Somos Estrangeiros

Graça e Paz do Senhor Jesus a todos os amados!

Como todo bom missionário em atividade pelo envio da igreja, sinto-me convocada a prestar-lhes o tão conhecido relatório de campo. Gostaria, contudo, de aplicar um pouco de leveza nesta nossa comunicação que se dará a distância de aprox. 8.000km.
Talvez vocês não saibam mas, nestes meses o vento por aqui chega a soprar até 60 a 80km/h, a chuva vem junto não deixando escapar nenhuma parte do seu corpo gelado. Sombrinha não é aconselhável, a não ser que você queira ouvir notícias de que foi vista no ar de Cape Town uma Merry Poppins contemporânea. Preciso caminhar toda manhã cerca de 30 min. da casa onde estou morando até a escola de inglês a que estou vinculada. Mas graças a Deus, tudo está correndo bem: Estou bem instalada e bem relacionada com a família sul africana. Finalmente meu relógio biológico compreendeu que não está mais no Brasil e já não acordo no meio da noite, também consegui algumas adequações para minha alimentação, já que o povo só costuma fazer duas refeições por dia: café da manhã e jantar.
O que é notório e impressionante, culturalmente falando, não são estas usuais diferenças que já aguardamos encontrar, mas a segregação racial ainda existente entre brancos e negros, mesmo após 15 anos passados do Aparthaid.
Por traz de uma linda cidade, há muita coisa triste de se ver. Os bairros, lojas e restaurantes ainda são divididos pela cor da pele; ainda se pode ver em algumas ruas as grossas correntes que separavam o espaço permitido para o trânsito de brancos e negros; as famílias brancas sofrem de um pânico coletivo, trancafiando-se dentro de casa com janelas e portas sempre bem fechadas, com medo de serem atingidos por negros revoltados, como já ocorreu em anos passados. É uma cultura do medo. As 17hs comércio fecha, todos caminham pra casa e depois não se vê mais ninguém transitando nas ruas, a não ser, poucos veículos particulares.
Há uma população muito alta de muçulmanos em Cape Town. Eu por exemplo, moro em um bairro islâmico, há poucas quadras da grande mesquita. Posso ouvir a chamada da sirene para a oração três vezes ao dia. Mas ainda há outros bairros por onde já passei que são totalmente tomados pelos muçulmanos, com lojas, casas e colégios. Estrategicamente o Islamismo tem avançado por aqui, aproveitando-se da segregação racial. Quando os brancos deixam suas casas por causa de algum negro que se instalou próximo, temendo a desvalorização do bairro, as famílias muçulmanas se apropriam e assim têm ganhado mais e mais espaço físico na cidade.
Muitos estrangeiros transitam neste país o tempo todo. Por causa da pobreza e guerras civis constantes nos países vizinhos da África do Sul, centenas de refugiados chegam aqui ocupando a cidade sem ter estrutura financeira nenhuma para manter-se, enfrentando frio, fome e discriminação racial. Esse tem sido um grande problema para os governantes, e a meu ver, é um problema social que só tende a crescer, porque ainda não têm uma política específica para impedir a entrada ou pelo menos controlar um número que o governo possa suprir.
Com tudo isso, meus irmãos, em pouco tempo neste campo, tenho pensado bastante sobre o fato de ser estrangeira. Na semana passada fui convidada para trazer uma palavra no culto de língua portuguesa, que inclui missionários, estudantes brasileiros e refugiados de Angola, Congo e outros países de fala portuguesa. Foi uma rica experiência para mim, compartilhar na minha própria língua e meditar nas Escrituras dentro dessa diversidade cultural. Escolhi um texto que era bastante propício pra todos nós presentes:
“Pela fé Abraão peregrinou na terra da promessa como em terra alheia... porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador... confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra. Porque os que falam desse modo, manifestam estar procurando uma pátria... Mas agora aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles.” Hebreus 11:8-16
Que grande oportunidade Deus tem me dado de apreciar as Escrituras na perspectiva daquele que deixa a sua terra e vive como estrangeiro. Havia algo em comum entre eu e todos os que estavam naquele culto, além de sermos cristãos ou apreciadores da fé cristã, todos nós ali éramos de fato estrangeiros peregrinando (de passagem) em terra alheia. Porém, o escritor de Hebreus nos conduz um passo à frente no que concerne a real situação humana de todos que compartilham da mesma fé de Abraão.
Não é estranho que todos nós estejamos sempre ansiando por algo que ainda não conseguimos alcançar? Quantas metas já estabelecemos em nossa vida, e ao chegar lá nos alegramos e no minuto seguinte já retornamos ao estado de necessitados de algo melhor, mais além? Quantas vezes, a despeito de tudo que temos, somos e construímos nessa vida, ainda nos sentimos inseguros, como se algo constantemente nos faltasse no alicerce? Quantas vezes peregrinamos em busca de algo que nem sabemos o que é exatamente, apenas ansiamos e ansiamos? Quantas vezes nos enchemos de coisas materiais em busca de suprir um anseio sem nome e sem tamanho?
Pensei fixamente na situação que a Bíblia nos apresenta usando a pessoa de Abraão. Ele estava em busca de algo que Deus o havia prometido, gastou sua vida nisso, e ao final (VS 13), restou-lhe a única certeza (Hb 11:1) de que o melhor ainda estava por vir, a promessa se concretizaria totalmente na eternidade, o constante sentimento de falta se preencheria por completo em Deus, no chão da pátria celestial, cujos fundamentos e alicerces foram estabelecidos pelo próprio Criador, e onde o sol e a lua tornam-se desnecessários (Ap 21:23) porque o próprio Deus a aquece e a ilumina com a Sua presença gloriosa.
Então, o nosso maior anseio é na alma e não no campo material, porque um dia expulsos da plena companhia de Deus, nos tornamos peregrinos, numa terra que não nos completa, até que O reencontremos e habitemos de novo com Ele. Queridos, essa é a real identidade e situação da igreja de Cristo: somos peregrinos! E se você faz parte dela, você anseia por algo superior, e, no seu íntimo, você aguarda por isso. Portanto, não é apenas a distância geográfica que nos torna estrangeiros, mas a distância espiritual que ainda nos afasta da total e plena presença de Deus, por causa do pecado que ainda habita em nós.
Meditem nisso, reavaliem o seu modo de viver, os seus planos para o futuro, os seus investimentos e as suas motivações. O que você tem aspirado vale a pena gastar a sua vida? Em que direção está aplicada a sua fé e sobre qual fundamento você se planeja? Convido você a orar pela sua vida, por mim e pela realidade da África do Sul. Até a próxima!

Um caloroso abraço,
Mis. Verônica Farias
Projeto de Cuidado ao Missionário
África do Sul

Cuidadora vai ao Campo


“... Se alguém serve, faça-o na força que Deus supre, para que, em todas as cousas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém.” 1 Pedro 4:11b.

Meus amados irmãos,
Gostaria de compartilhar com vocês as maravilhas de um Deus criativo, fiel e soberano. Alguns já me acompanham na vida missionária há muitos anos, outros só recentemente se tornaram próximos, há outros que só me conhecem de longe e ainda há aqueles que nunca ouviram falar de mim; a todos, com a mesma consideração, saúdo com a Paz de Jesus. É nesse precioso Nome que tenho posto a minha fé desde que O conheci. Em nada Ele tem faltado, conforme promete em Sua Palavra.
A minha gratidão é imensa, por saber e sentir que Ele está presente cuidando e mantendo a minha vida, nos dias altos e nos dias baixos, na clareza, ou na escuridão, Ele sempre está, Ele sempre diz: “Eu Sou!” Durante vários anos tenho trabalhado junto à IP de Casa Caiada (Pr Sérgio Lyra), desenvolvendo projetos missionários, especialmente para a capital e, nos últimos anos, para o interior. Recentemente me uni a IPG, que também tem se tornado muito amada em meu coração pelo carinho com que me acolheu e pelo exemplo de fidelidade a Deus. Temos trabalhado juntos com projetos nas áreas do Cuidado ao Missionário e Plantação de Igrejas no Interior.
Neste momento, porém, Deus tem me chamado para um pouco mais distante de vocês. Missões trans-culturais sempre estiveram em meu coração e de alguma forma sempre encontrei um modo de estar envolvida com isso. Contudo, esperei pacientemente o momento em que Ele, o autor de Missões e do Chamado, me convocaria para este outro lugar em sua imensa obra. Estou literalmente arrumando as malas e fechando todas as minhas atividades aqui no Brasil. Por um curto tempo de 7 meses estarei em viagem para África.
Os planos são diversos, mas espero em Deus, apenas no Seu poder, ser fiel naquilo que Ele mesmo planejou para essa temporada. Como é do conhecimento de alguns, tenho trabalhado com atendimento psicológico vinculando esta profissão às necessidades do Reino de Deus. Como boa missionária que sempre esteve em preparo para os campos (aqui, ali e ainda mais longe), sei bem o trilho das emoções, sofrimentos e alegrias que estes amados missionários enfrentam. Deus me deu a graça de transformar todo meu conhecimento acadêmico e teológico em obra missionária. Valeu a pena os anos de estudos. Agora vejo os frutos, ainda que iniciantes, do tempo e recursos dedicados. Mas não parei, continuo me preparando...
A África será mais uma escola. Estarei por lá aprendendo como eles (missionários transculturais) vivem. Quais são as suas dificuldades com uma língua, cultura e povo diferente. Estarei pesquisando sobre essa temática da adaptação cultural de missionários e fazendo contatos com bases de trabalhos nas regiões a que eu puder ter acesso, em países vizinhos. Estou totalmente disponível para o Senhor, como me coloquei lá no início, no momento da minha conversão e chamado. Mais uma vez, na virada de uma nova etapa da minha vida, nada me prende para atendê-lo. Estou fechando tudo, para abrir a nossa (minha e d’Ele) tenda em outra terra, e juntos realizaremos a Sua vontade.
Não há nada igual a este sentimento. não me sinto perdendo nada, nem deixando nada, apenas seguindo para mais um front, onde Ele já está a postos, soberano. Minha alegria é grande e tamanho é o meu temor diante dos desafios e das minhas limitações, mas meu coração está tranqüilo, guardado pela Paz que excede nosso entendimento e que só procede da fonte: Jesus. Espero mesmo contar com o carinho dos meus amados em suas orações e súplicas diante de Deus.
Estejam bem certos de que este projeto nos levará mais perto daqueles que a igreja não pode abraçar no campo, e que sofrem emocionalmente e esmorecem pelo próprio peso do trabalho e pela constante solidão. Este é o sonho e o desafio que Deus tem compartilhado comigo, e eu, ainda que assustada com o tamanho da proposta, assim como o profeta Isaías respondo: “Eis-me aqui, Senhor, envia-me a mim!” Deus abençoe muito a todos vocês! A minha gratidão.”

Mis Verônica Farias